Menopausa, e agora?
Menopausa significa a data da última menstruação. Parar de menstruar é o sinal clínico de que o ovário perdeu sua capacidade de ovular e produzir hormônios. Muitas mulheres encaram isso de uma forma negativa e estigmatizada, mas o fato é que esse momento não é melhor nem pior que qualquer fase da vida, apenas diferente.
Vale ressaltar que com o aumento da expectativa de vida, as mulheres estão vivendo quase um terço de suas vidas na pós-menopausa. Assim, o entendimento dessa fase se faz cada vez mais necessário para que ela possa ser vivida da melhor maneira possível.
Da mesma forma que a primeira menstruação muda a vida de uma menina – afinal, ela descobre sua sexualidade e o começo de uma fase fértil, a menopausa traz alterações físicas e psicológicas significativas para a mulher.
O segredo para encarar e viver essa nova fase é estar na frente dos sintomas e das repercussões negativas que a falta do estrogênio pode proporcionar. Prevenção e tratamento correto são fundamentais para uma vida saudável no climatério.
Há a necessidade de uma conversa franca com seu ginecologista para o esgotamento de todas as possibilidades preventivas e terapêuticas para alcançar uma excelente qualidade de vida nesta fase.
Principais transformações e sintomas
Os primeiros sintomas ocorridos nesta fase devem-se à interrupção da produção ovariana do hormônio estrogênio.
- Ondas de calor – a queda do estrogênio leva a um “desarranjo” do termostato central do corpo, fazendo com que ocorram alterações abruptas na temperatura corpórea. Isso leva à ocorrência de ondas de calor que classicamente começam na região do tronco e sobem para o rosto. Elas ocorrem a qualquer momento do dia e podem ou não estar associadas a rubor facial e suor.
- Secura vaginal – com a queda do estrogênio, há um ressecamento de pele e mucosas, já que a produção de ácido hialurônico, responsável pela retenção de água, fica diminuída. Com esse ressecamento, a mucosa vaginal fica áspera, seca, menos elástica e suscetível a coceiras e infecções.
- Sono – o sono pode ficar prejudicado principalmente pela ocorrência das ondas de calor noturnas, que fazem com que a mulher acorde repentinamente.
- Sexualidade – pode ocorrer dor durante a relação sexual devido à secura vaginal. Alem disso, são comuns queixas relacionadas a alteração no desejo, diminuição da frequência e da satisfação sexual.
- Psicológicos – são comuns e se manifestam na forma de nervosismo, irritabilidade, depressão, melancolia, choro fácil, labilidade emocional e alterações de humor. Acredita-se que o estrogênio atue diretamente no sistema nervoso central e sua falta acarretaria tais sintomas. Os mecanismos exatos dessa atuação são desconhecidos, existindo várias teorias. Ao que tudo indica, a atuação principal seria nos níveis das aminas biogênicas, particularmente a dopamina e a noradrenalina.
- Osteoporose – após a menopausa, as mulheres começam a perder massa óssea de maneira acelerada e aumentam a chance desenvolver osteoporose. Sem dúvida há variações individuais, mas toda mulher deve estar atenta para essa doença e realizar medidas preventivas ou até mesmo fazer tratamento. As principais medidas preventivas são exercício físico, dieta rica em cálcio, banho de sol e diminuição da ingestão de café, álcool e tabaco.
- Doenças cardiovasculares – com a menopausa, as mulheres têm o seu risco cardíaco aumentado. Isso ocorre devido ao caráter protetor do estrogênio em relação às doenças cardíacas. Na menopausa, há uma chance aumentada de alteração dos níveis de colesterol, da pressão arterial, do metabolismo da insulina (predispondo ao diabetes) e do acúmulo de gordura abdominal, que possibilita o desenvolvimento de placas gordurosas na parede dos vasos arteriais.
Existe tratamento?
Toda mulher que entra no climatério tem que ter o entendimento de que ela está em um novo momento da sua vida e de que o seu corpo irá mudar. Dessa forma, é mandatório que suas atitudes e alguns hábitos também mudem.
- Orientação Nutricional – antes da discussão de qualquer terapêutica medicamentosa, há a necessidade de uma orientação nutricional. A mulher menopausada precisa entender que o seu metabolismo mudou e não dá para manter a mesma dieta do período dos 20 anos de idade. Na menopausa, aumentam as chances de aumento do colesterol no sangue, do acúmulo de gordura na barriga e do risco de diabetes.
- Exercício Físico – o sedentarismo nesta fase costuma ser cruel, com um ganho de peso de forma rápida. Diferente do que ocorre em outras épocas, o acúmulo de gordura costuma ocorrer no abdome e não mais em culotes e nádegas. Diz-se que devido a esta alteração do acúmulo de gordura, as mulheres na menopausa deixam de ter o corpo em forma pêra e passam a tê-lo em forma de maçã. Essa gordura acumulada de forma central não é bem metabolizada, levando a maior risco de aumentar o colesterol e, consequentemente, aumentam também as chances de doenças cardiovasculares. Assim, é necessária a realização de atividade física que corresponda a uma caminhada de 30 minutos por dia.
- Terapêutica Medicamentosa – as possibilidades terapêuticas para aliviar os sintomas menopáusicos são diversas. Elas variam de acordo com a eficácia, segurança e indicação. É importante discutí-las com seu ginecologista antes de optar por qualquer delas.
- Terapia de Reposição Hormonal – medicação eficaz para o tratamento dos sintomas da menopausa. Possibilita também melhora do perfil lipídico (colesterol), previne a osteoporose e as alterações uroginecológicas (secura vaginal, incontinência urinária). Precisa ser discutida com o ginecologista, pois existem diferentes tipos e alternativas posológicas, além de indicações e contra-indicações precisas.
- Antidepressivos –os mais utilizados são os inibidores seletivos da recaptação da serotonina e são indicados basicamente para o tratamento das ondas de calor e alterações de humor. Podem cursar com boca seca, diminuição do apetite, náuseas, constipação e insônia.
- Gabapentina – estudos recentes demonstram uma resposta positiva desta medicação para o tratamento das ondas de calor. São efeitos adversos a sonolência, a fadiga, a palpitação cardíaca e o inchaço.
- Fitoterápicos – são substâncias que mimetizam a ação do estrogênio. Sua principal indicação esta na diminuição das ondas de calor. Não possuem a mesma eficácia da terapia hormonal e os riscos associados a ela são poucos conhecidos. O fitoterápico mais utilizado é a Black Cohosh (Cimicifuga racemosa). O trevo vermelho (Trifolium pratense) também é bastante utilizado e parece ser eficaz. E, finalmente, os isoflavonóides derivados da soja (isoflavonas), que são principalmente a daidzeína e a genisteína, também são indicados.